Tornar as motos menos poluentes está no centro de uma nova pesquisa conduzida por estudantes e professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no campus de ville. O projeto tem como foco a redução de partículas poluentes geradas pelo sistema de freios de motocicletas, contribuindo para melhorias na qualidade do ar e, indiretamente, na saúde pública. O trabalho, que une ciência aplicada e inovação, representa um o importante no debate sobre sustentabilidade na mobilidade urbana.
Estudo quer tornar as motos menos poluentes
A proposta foi desenvolvida no Laboratório de Acústica e Vibrações da UFSC, sob coordenação dos professores Thiago Fiorentin e Andrea Piga, ambos do Departamento de Engenharias da Mobilidade. A iniciativa busca solucionar um problema pouco discutido, mas significativo: a emissão de partículas finas oriundas do atrito entre disco e pastilha durante a frenagem, uma das fontes de poluição menos visíveis, mas com efeitos preocupantes sobre o sistema respiratório humano.
A partir de ensaios controlados, os pesquisadores criaram um sistema de clausura para capturar e analisar as partículas emitidas, utilizando uma motocicleta BMW G 310 GS em testes padronizados. A tecnologia aplicada inclui também a automação dos processos de aceleração e frenagem, com o objetivo de garantir a precisão e a reprodutibilidade dos dados.
Um novo olhar sobre a poluição gerada por freios
Tradicionalmente, a discussão sobre motos menos poluentes concentra-se nas emissões dos motores e no consumo de combustível. No entanto, o desgaste dos sistemas de freio também representa uma fonte relevante de partículas suspensas no ar. A frenagem ocorre por meio do atrito entre pastilha e disco, liberando partículas finas que permanecem no ambiente, podendo ser inaladas por quem circula próximo ao veículo.
Os riscos à saúde não são desprezíveis. Partículas inaláveis estão associadas ao agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares, principalmente em áreas urbanas com grande circulação de motocicletas. Nesse cenário, os testes conduzidos na UFSC buscam compreender melhor esse fenômeno e oferecer caminhos para mitigá-lo de forma prática e aplicável à indústria.
Sistema inovador de testes com clausura e filtros
O dispositivo criado no laboratório da universidade é composto por uma estrutura de clausura que envolve o conjunto de frenagem da moto. A motocicleta é fixada ao solo com a roda traseira suspensa, e o ar dentro da câmara é mantido em fluxo controlado e filtrado. Assim, é possível capturar as partículas liberadas durante os testes e conduzir análises detalhadas.
O ar, ao ser conduzido por um duto de saída, a por um sistema de filtros que retém o material particulado. Esse método permite uma mensuração precisa das emissões, isolando variáveis que poderiam interferir nos resultados. Com isso, a equipe pode identificar padrões de desgaste e propor melhorias nos materiais utilizados nas pastilhas de freio.
Automação garante precisão nos testes com motocicleta
Para garantir a repetição exata das condições de frenagem, os estudantes desenvolveram um sistema de automação que comanda tanto a aceleração quanto a frenagem da motocicleta. Isso elimina interferências humanas e torna os testes mais confiáveis. A tecnologia, aplicada inicialmente à BMW G 310 GS, é adaptável a outros modelos de motos e também a automóveis.
Segundo o professor Thiago Fiorentin, a automação é essencial para padronizar os ensaios e gerar dados comparáveis. Essa abordagem também facilita a avaliação de diferentes materiais e configurações de freios, com vistas à produção de componentes mais sustentáveis.
Próximos os: novos materiais para freios menos poluentes
Com os dados obtidos até aqui, a equipe da UFSC concentra esforços no desenvolvimento de pastilhas de freio que liberem menos partículas durante o uso. O objetivo é tornar as motos menos poluentes, considerando não apenas o escapamento, mas também os sistemas de frenagem. Essa abordagem mais ampla da sustentabilidade no setor de duas rodas poderá gerar impacto real na qualidade do ar urbano.
A pesquisa segue em curso e reforça a importância de olhares multidisciplinares sobre o problema da poluição. Tecnologias como essa podem representar um diferencial competitivo para a indústria nacional, além de atender a exigências ambientais cada vez mais rigorosas em diversos mercados.